domingo, 5 de agosto de 2012

Sobre um dos pontos mais importantes...

A amamentação.

Quero deixar bem claro que esse post não é direcionado à ninguém. Que as palavras escritas aqui, não passam de constatações guardadas como lembranças, pra que eu possa recordar disso tudo e pra que meu filho saiba da importância da amamentação e pra que ele também saiba, que este não foi um período fácil das nossas vidas, mas foi sim, muito compensador. Pra que ele também tenha consciência que eu me orgulho muito por ter lutado com unhas e dentes e ter conseguido aquilo que todo mundo me dizia que eu não alcançaria.


Realmente, é muito fácil falar da amamentação, da amamentação exclusiva e da amamentação prolongada, olhando pros cartazes que o Ministério da Saúde cola a torto e a direito em vários hospitais e postos de saúde.
Olhando pros mesmos cartazes quando eu ainda estava grávida, eu não pude sequer imaginar o que estava me esperando.

Porque quem me vê amamentando hoje, não faz ideia do que nós (eu, o Pedro e as pessoas que me rodeiam e me apoiavam) passamos.
Não foi fácil... Nada fácil.
Hoje, se eu posso me gabar disso ou daquilo, é porque depois de muita luta, muita dor, muitas lágrimas, muito sofrimento e desgaste fizeram parte da trajetória da conquista.
Eu não sou mais mãe porque eu amamento. Mas por outro lado, eu me sinto mãe amamentando. Porque pra mim, amamentar é prolongar aquilo que o bebê vivenciou durante sua vida intra-uterina. É o que me aproxima do meu filho. O que nos conforta, e o que enriquece nosso vínculo amoroso.

Na minha cabeça, nunca passou a ideia de apresentar a mamadeira (com leite) pro meu filho. Tanto que esse ítem nunca fez parte do enxoval que eu fiz pro Pedro.

Na primeira noite de vida fora da barriga, do Pedro, ele mamou muito. E ali, eu pude encerrar um ciclo pra que outro fosse aberto. O ciclo de: "Não estamos mais diretamente conectados, mas ainda temos uma forte conexão aqui fora."

Sei que tudo isso soa muito poético, mas foi exatamente desse jeito que eu me senti naquela primeira noite.
No outro dia, o Pedro dormiu a tarde toda, na presença do pai, e eu pude descansar.
Por volta das 21h, o Pedro quis mamar... E eu lógico, ofereci o peito a ele com o maior carinho.
Ele mamou, mamou, mamou, mamou... 
Pegava no sono "chupeitando" e quando era tirado, chorava. 
Eu virei a noite com ele no colo, mamando, enquanto perambulava pelos corredores do hospital.

Quando amanheceu, eu estava completamente acabada.
Como eu não tinha ideia do que era necessário levar na mala de maternidade, acabei colocando uma chupeta. Chupeta esta, que ganhamos no chá de bebê.

Sem mais forças, me recuperando de um pós-operatório, eu acabei por oferecer a chupeta para o Pedro.
Para que ao menos, eu pudesse arrumar as coisas que fariam parte do nosso retorno pra casa, sem que tivesse que ouví-lo chorando.

Ele custou a aceitar, mas acabou pegando por uns 10 minutos.
Nesses 10 minutos, pude juntar as nossas tralhas... E entre uma arrumação e outra, apareceu uma enfermeira, que prontamente me recriminou e disse que se eu não tirasse a chupeta dele imediatamente, ela mesma tiraria e jogaria no lixo, pois aquele hospital orientava e apoiava a amamentação.

Antes de recebermos alta, uma outra enfermeira veio me orientar sobre a amamentação, a pega correta, as fissuras entre outras coisas... E eu fiquei muito contente por receber aquele apoio, que acabei até me esquecendo da chupeta.

Ao chegarmos em casa, o Pedro chorava... E os meus peitos já estavam machucadíssimos e eu, ainda exausta.
Pedi pelo amor de Deus pra me darem uma bombinha de ordenha,uma chuquinha e uma pomada, porque eu realmente não estava mais aguentando.

Pedido feito, pedido atendido. Meu pai, coitado, deu um pulo e logo foi atrás da bendita chuquinha e da pomada. Minha tia que no mesmo instante estava do outro lado da linha, falando com a minha mãe, perguntou o que faltava para o Pedro. Sem hesitar, minha mãe respondeu que era uma bombinha de ordenha.

Os dois voltaram quase que juntos. Tentei usar a bombinha mas a missão tira-leite falhou. E a chuquinha? Foi deixada de lado sem uso.
Passei a pomada crendo piamente que aquilo amenizaria o meu sofrimento... Mas foi um engano.
Além de não servir pra nada, eu ainda tinha que me deslocar até o banheiro toda vez que o Pedro queria mamar (ou seja, de 1 em 1 hora em dias de sorte e de 30 em 30 minutos em dias de não tanta sorte assim).
Resultado? Abandonei a pomada antes do tubo chegar na metade.

Dias vieram e dias foram. Ao total? Uns 75!
Muito mamá, muita canseira, muita sede, muita fome, muito sono. Fissuras, sangramentos, empedramentos, febres.
Tratamentos? Leite, leite, leite e apoio.
Apoio da minha mãe, apoio do papai do Pedro, apoio do Pediatra.
Eles me incentivavam e me incentivam até hoje. Incentivaram o não uso de leites artificiais, mamadeiras e chupetas. Me incentivaram à amamentar exclusivamente até os 6 meses, me incentivam até hoje, quando o assunto é amamentação prolongada... E em meio a tantos "contras", sim, contras... Porque eu ouvi muito que meu leite era fraco, que não sustentava, que mamadeira era melhor, que fazia com que o bebê dormisse a noite toda e toda essa ladainha proveniente de uma herança cultural pobre.
Sobrevivemos! Em meio aos mortos e feridos, saímos ilesos com uma internação de 3 dias por conta de uma bronquiolite, no currículo.

Vergonha? NUNCA!
Me orgulho e muito! Pois tirei forças de onde aparentemente não havia. Cresci, aprendi! Ele mamou por 9 horas seguidas em todas as noites que ficamos lá.
E acabou que saiu mais gordo do que entrou. Meu leite não secou e voltamos mais firmes, mais unidos, mais felizes para a casa.

Ao fim do período de amamentação exclusiva, ela me pareceu rápida demais. E eu decidi não introduzir os sólidos de maneira abrupta. Então o Pedro ainda não tem uma rotina alimentar selecionada. Come algumas frutinhas, algumas papinhas, mas o forte mesmo, ainda é o mamá.

Bom, esse texto não condiz com um terço do que passamos, mas ele traz à tona, uma parte daquilo que muita gente desconhece.
Amamentar não é, nunca foi e nunca será fácil. É uma pirâmide que construímos dia após dia, com tijolos de paciência, perseverança, fé, determinação e amor.
Sei que muita gente não consegue amamentar por N motivos, mas não quero dizer através desse texto, que foi fácil. Quero orientar e salientar a importância da boa informação e da importância de não se deixar levar por opiniões contrárias.
Se você mãe, fez o que pode, lutou (como eu lutei) com todas as suas armas e ainda assim, não obteve sucesso, você certamente não tem motivo nenhum pra se culpar.
Mamadeira, internação, chupeta, cesárea... Nada disso diminui mães sem culpa. 

Meu pequeno grande menino, no mamaço em Sorocaba.