terça-feira, 25 de setembro de 2012

Ser mãe. Mãe Leoa. Por Denise Pimenta.




246 dias aproximadamente com um ser habitando dentro de mim, alguém esse que eu ainda não conhecia, só imaginava, mas nada do que pude imaginar durante esse tempo chegou perto do rostinho mais perfeito que eu conheci no dia 24/04/2012.

Leonardo não foi planejado, foi enviado em um momento que eu não tinha muitas certezas, estava morando sozinha, planejando viver junto com o pai do Léo, ainda num futuro distante, porém ele foi muito desejado e ultrapassou todas as minhas expectativas sobre ter um filho e construir uma família. 

Bravo como um leão, dizia o significado do nome que escolhemos para nosso pequeno menino. Porém quem se tornou leoa fui eu. Ainda na gravidez passei por grandes mudanças, fiquei desempregada, e aprendi a ser paciente, menos ansiosa, como nunca achei que seria. Fui forte quando precisei ser. Não tive muitos sintomas no decorrer da gestação, porém nas últimas semanas sofri com uma suposta virose, infecção urinária e ainda uma pressão alta adquirida na gestação, o que me levou a uma cesárea. Pois bem, Léo nasceu ás 22:18 hrs do dia 24/04/2012, pesando 3.165kg e 49,5cm, um bebê perfeito, muito mais do que sonhei um dia.

Desde que saí da maternidade eu mesma me encarreguei de todos os cuidados com o meu bebê, cuidados esses que eu nunca havia tido com bebê algum. Agi instintivamente e deu mais que certo. O que parecia que não iria dar certo, mais tarde superou todas as expectativas. Nas primeiras semanas tive problemas, até então o que era desconhecido por mim, uma parte obscura da maternagem que ninguém havia me citado que poderia acontecer.Amamentar, não era tão fácil, até então. Perda de peso, complementação, relactação, acompanhamentos quase que diários no banco de leite, e como se não bastasse, um início de icterícia e alta taxa de potássio, cálcio e sódio no sangue do meu bebê fizeram parte do nosso início, onde eu parecia estar errando. Pois bem, dias mais, dias menos, meu instinto gritando que eu deveria insistir na amamentação e assim foi... Conseguimos, entre noites mal dormidas, comida fora de hora, dias corridos e totalmente ocupados por ele.

E sabe? Foi a melhor coisa que me aconteceu, entendi que não somente o bebê aprendia, eu também a cada dia mais. Desenvolvi uma forma leoa de maternar, atendendo as necessidades do meu bebê, métodos aqui não são válidos, mas a criação com apego, muito apego. Entendi que ele precisa mamar quando quer, ele ainda não tinha rotinas de sono e ele mesmo criou a dele, não o deixo chorar sozinho com medo porque que se eu pega-lo a cada choro ele se torne mal acostumado ou ainda um menino mimado, não mesmo, e sou totalmente contra e não aceito escutar esse tipo de conselho. Compreendi que agir assim é o melhor caminho. A prioridade da minha vida é totalmente dele. Tornei-me mãe em tempo integral, e luto com todas as forças possíveis e impossíveis que eu puder lutar. O melhor de mim será para ele, que chegou do nada e se tornou TUDO em nossas vidas.

E seguiremos assim... Crescendo, desenvolvendo novas habilidades, fortalecendo vínculos e amando mais, cada dia mais e mais.



 Denise Pimenta tem 25 anos, é mãe do Leonardo (5 meses), Cosmetóloga/Esteticista. Atualmente ela reside em Ribeirão Preto/SP.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Do Brasil à Bélgica, com Noah. Por Cínthia Moreira.


O Noah já entrou no quarto mês de vida, mas parece que foi ontem que o teste de farmácia deu positivo.
A primeira reação foi um susto, pois eu não contava com uma gravidez tão cedo: tinha acabado de mudar de país e de completar 2 meses de casamento, estava dando "start" numa nova fase da minha vida, e um bebê não fazia parte dos meus planos. Não demorei tempo nenhum para aceitar, deve ter sido coisa de 20 minutos e um chorinho mixuruca. Foi uma mudança radical, mas ao meu ver, uma criança traz sempre coisa boa. Ainda mais sendo o MEU filho. Tive todos os sintomas normais de uma gravidez: muito enjoo, muito sono, muita alteração de humor e muita ansiedade, mas em suma foi uma gravidez tranquila. Tirando o fato de morar num país onde eu não domino a língua. As consultas eram pouco esclarecedoras devido à esse meu problema de comunicação, mas a médica que me acompanhou foi sempre muito atenciosa e paciente. Ele nasceu com 39 semanas e 3 dias de parto normal, saudável e trazendo um novo sorriso para a minha vida. O bebê que não fazia parte do planejado é hoje a coisa mais importante da minha vida, e eu não sei, sinceramente, como ela seria sem ele. Nem consigo imaginar onde estaria, o que estaria fazendo sem ele. É clichê. mas é a verdade!

Eu trazia comigo todos aqueles PREconceitos: não pode ficar com bebê no colo porque ele fica com manha; não pode deixar dormir na cama porque depois ele não se habitua ao berço e faz mal; tem que deixar chorar para aprender; mamar só até o sexto mês porque depois o leite já não sustenta; estabelecer os horários das mamadas para o bebê não ficar mal habituado; e etc. Era totalmente inexperiente com bebês. Estava completamente despreparada para o dia-a-dia de cuidados com um RN, não sabia dar banho, nem cortar unhas, nem limpar nariz, nem tratar do coto, mas o tal do instinto materno veio bem forte. Dizem que quando nasce um filho, nasce também uma mãe, e foi bem isso que aconteceu comigo. Deixei de lado todos os preconceitos graças ao meu instinto e às informações que fui absorvendo de grupos de mães que eu participo no facebook. Viva à internet! Hahaha. A amamentação, apesar de dolorida (ninguém tinha me dito que doía tanto), foi natural! Mesmo com todos os perrengues iniciais, nunca pensei em desistir. Durante os 2 primeiros meses eu ficava me perguntando de onde tiravam que "é a coisa mais prazerosa do mundo" e porque nas campanhas só apareciam mulheres sorrindo, sendo que eu fazia mil e uma caretas por causa da dor. Mas depois desse tempo e com algumas ajudas e ajustes, consegui descobrir o prazer de amamentar e vê-lo crescer sendo alimentado exclusivamente com meu leite. Nunca deixei o Noah chorar sozinho, nunca neguei colo, nunca neguei o mamá... nunca me deixei levar por alguma coisa que não fosse meu instinto. Confesso que nunca li profundamente sobre a criação com apego, mas o que eu tenho praticado é isso. E estamos muito satisfeitos assim!

Tenho a sorte de não trabalhar e poder me dedicar à ele o tempo inteiro. Cada dia é uma descoberta, um novo aprendizado, um amor que não tem limites. Sou muito feliz por esse privilégio que é ser mãe. Agradeço todos os dias por ter meu pequeno comigo, por ele preencher a minha vida e transbordar amor. Ele me fez descobrir o amor incondicional... antes eu achava que sabia, mas na verdade só aprendi com ele. Eu era uma pessoa melancólica e meio jururu, depois que ele chegou isso não cabe mais na minha vida! É uma alegria sem fim! Ele é o meu pedacinho do céu, a minha parte mais linda e perfeita! Quem dera todas as pessoas pudessem saber e viver a felicidade que é ser mãe. 
Estamos no início da nossa jornada, mas como diz a canção, "vamos descobrir o mundo juntos baby, quero aprender com seu pequeno grande coração"! 



Cínthia Moreira tem 24 anos, é mãe do Noah (4 meses e 4 dias). Atualmente ela reside em Soignies, Bélgica.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Querer, conseguir ou poder?

Primeiro: Se você não compactua da ideia da amamentação e da amamentação prolongada, e tem a plena convicção disso, esse texto infelizmente não é pra você e eu sugiro que você corra para outro site o mais rápido possível. Mas se você compartilha dessas opiniões e ainda assim, está aberto à novas experiências, novos argumentos e novas discussões saudáveis, seja bem vindo.

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Navegando pela internet, me deparei há algum tempo, com a fan page de uma certa revista cujo assunto principal é a infância e o relacionamento familiar.
A página, insinuava que uma mãe que não quer amamentar por quaisquer motivos, incluindo vaidade, não merecia se sentir culpada.
Assim como a mãe que prefere dar comida industrializada e a mãe que radicalmente negligencia seu filho, ao deixá-lo chorando sozinho no berço.
Não contente em somente repassar tais informações, cujo o objetivo real ainda é desconhecido (aos olhos dos leigos na caminhada pró-amamentação, pois aos olhos dos mais espertos, informados e convictos, o real objetivo é tão transparente quanto barriga de lagartixa. Marketing para grandes empresas fabricantes de fórmula infantil - leite artificial e papinhas), a página tem feito grande campanha expondo estórias mal sucedidas acerca da amamentação. Tudo para desencorajar aquelas que ainda estão na difícil fase de adaptação. E para apoiar mães que decidem não amamentar. Opondo-se à recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde), opondo-se também, à priorização das necessidades dos bebês, visto que amamentar não é unicamente alimentar. Entre tantos benefícios da amamentação, vale citar alguns:
Aumento de vínculo entre mãe-bebê.
Auxílio na formação da arcada dentária do bebê.
Prevenção de anemia.
Menos cólicas.
Flora intestinal reforçada.
Após o 6º mês, a amamentação ajuda a combater o estresse e o contato com a mãe, tem um efeito positivo no desenvolvimento psicológico do bebê.

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Após o desserviço prestado por tal revista, decidi então, bater na mesma tecla mais uma vez. Pois priorizo e levanto a bandeira da amamentação (e da amamentação prolongada) e pra mim, é de suma importância que as pessoas que nos visitam aqui, através do blog, saibam que amamentar TEM de estar entre as prioridades da maternidade.
Como o mais importante pilar a sustentar toda uma construção.
Porém, a cultura da sociedade ocidental têm acreditado cada vez menos no poder da amamentação e no poder da mulher como nutriz.
Dispondo então, da ausência de culpa quando a possibilidade de não amamentar passa a fazer parte da vida familiar.
Primeiro talvez, pelo conservadorismo e machismo que resultam na erotização dos seios, fazendo com que eles sejam meros "objetos" de desejos sexuais e não mais fontes de alimento.
Segundo porque amamentar não é uma tarefa fácil. Requer paciência, dedicação, VONTADE, força e às vezes até, sentidos sobre-humanos.
Apesar de ser um ato natural, ainda é necessário procurar ajuda, informação e capacitação para levar a amamentação adiante. Muitas vezes por um descuido qualquer, tudo parece desmoronar. Os seios racham, a dor aponta, o empedramento surge e aí, a vontade de desistir torna-se notória.
Apoio para continuar é indispensável, mas esse assunto infelizmente ainda é tratado como nadar contra a corrente.
Muitos orientam a mãe a cessar a amamentação e ignorar essa ideia de se tornar mártir.
E esse, se torna o caminho mais fácil e o caminho tomado sem muitos (ou com nenhum) questionamentos.
O Pediatra sugere a mamadeira e a fórmula e atribui a culpa (quase sempre) ao leite fraco (o que não existe) e à baixa produção (que geralmente é causada pela amamentação estipulada). Tudo, por seguirem curvas ultrapassadas de crescimento e ganho de peso.
Ou então por aceitarem o patrocínio ($$$) das grandes empresas de fórmula infantil/papinhas em troca da prescrição das mesmas aos pequenos pacientes.
Fora esses fatores que contam - e muito para um desmame precoce e abrupto, há também, a questão do cansaço materno.
Amamentar dá sede, fome, calor. Amamentar cansa, machuca, sangra. Amamentar depende de uma entrega imensurável. De automaticamente se esquecer e passar a ser somente do seu filho.
Mas para se ter estórias de sucesso, o apoio é indispensável. Mesmo que ele seja mínimo. Eu por exemplo, amamento o Pedro há 8 meses e 22 dias e na fase de adaptação, amamentar foi muito difícil mas para obter uma trajetória de sucesso contei com o apoio da minha mãe, do Jef (papai do Pedro), do Pediatra e de uma fralda de pano que eu mordia sempre que sentia dor. Li relatos de amamentação que me mostraram que sim, eu podia.
Mas de antemão, o que facilitou muito, foi o fator QUERER.
Hoje, a minha luta não é mais somente para alimentar o meu filho, onde e quando ele quiser. É para mostrar às pessoas que amamentar é possível, mas que pra isso, é necessário confiar no seu próprio corpo e desconfiar dos conselhos de terceiros (inclusive de médicos).
Eu sou ativista da amamentação. Leio artigos, ajudo quem me procura, participo de grupos e fóruns de discussões, me informo sempre que posso e levanto a bandeira onde quer que esteja.
E se for necessário, brigo, grito, arranho e mordo.
Mencionando isto, utilizo deste mesmo post, para dizer que o meu desafeto não é (e nem nunca será) para com as mães que não PUDERAM amamentar.
Quando eu pronúncio e dou ênfase à palavra "puderam", esclareço que poder é diferente de querer e de conseguir.
Há mães que infelizmente não podem amamentar seus filhos por muitos motivos, inclusive de saúde.
E nesse tipo de dificuldade, faz-se transparecer o meu respeito. Mas, às mulheres que não quiseram, infelizmente ainda não passam pela minha garganta. Afinal, amamentar é dar continuidade ao que o bebê sentia no ambiente intrauterino.
Outro ponto que muito me tira a paciência é a famigerada desculpa do "não consegui". A amamentação não deve ter tratada como um privilégio de poucas. E sim, como um ponto que pode e deve ser alcançado com dedicação, assim como tantos outros pontos na vida.
Todas as mães que tentam empregando dedicação, determinação e força de vontade, conseguem. As que quiseram, mas não se impuseram diante das dificuldades, da não-aceitação da sociedade e de todos os outros zilhares de fatores opostos à amamentação, infelizmente não conseguem...
E muitas delas, acabam por carregar a culpa. Justo? Não sei.
Mas pensando pelo lado lógico, a culpa só existe quando o indivíduo sabe que poderia ter doado-se mais à causa e não se doou, acatando então, o efeito que gera a citada culpa.
Portanto, assemelhar o CONSEGUIR com o PODER é um equívoco. E o mais correto e coerente, seria assemelhar o CONSEGUIR com o QUERER.
Se você ainda está na fase de adaptação, não deixe que as opiniões contrárias (e as estórias fracassadas) te abatam.
Não é simplesmente porque fulana (famosa ou não, escritora ou não, mãe de gêmeos ou não, formadora de opinião ou não...) diz que "não conseguiu", que você necessariamente não "conseguirá". Se você quer, deseja, sabe da importância, da necessidade e dos benefícios insubstituíveis e indispensáveis, lute pelo seu PODER DE NUTRIZ.
Argumente com evidências defronte às desculpas esfarrapadas do leite fraco, do leite que não sustenta, do leite que não está suficientemente sendo produzido a cobrir a demanda.
Mostre que a fórmula hoje em dia não mata (procure saber sobre uma reportagem chamada Fórmula Fix), mas por mais que seja uma oferta tentadora e fácil, não é o melhor caminho, nem a melhor escolha para o bebê, que ainda não sabe responder por si só e depende de um adulto para conduzí-lo.
Esquive-se da opinião contrária, que por mais que não lhe afete fisicamente, pode agredir o seu psicológico.
Estude, leia, procure ajuda de enfermeiras, do Banco de Leite Humano da sua cidade e se for necessário, de uma consultoria em amamentação.
Leia relatos de relactação e translactação. Renove suas forças, se encha de esperança e nunca esqueça das suas raízes e dos seus instintos femininos e maternais.



Nós quisemos, pudemos e conseguimos. ♥

Por fim (para encerrar o post com chave de ouro) deixo aqui, um vídeo que faz com que a desistência deixe de permanecer intacta e se transforme em coragem.
O vídeo é do ISHTAR - Sorocaba, e foi criado em comemoração à Semana Mundial do Aleitamento Materno 2012.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Dentro e fora da barriga. Por Yara Guariglia.


Pensei em mil formas para começar a escrever sobre minha experiência com a maternidade. Pensei em começar pelo planejamento da gestação, pela própria gestação, pelo parto, pela amamentação... e fiquei horas pensando, sem conseguir me decidir por onde começar. Mas depois de  muita reflexão, cheguei a uma conclusão, que serve para o meu depoimento sobre maternidade e para a minha vida: não importa por onde eu comecei, e sim onde vou chegar! E, claro, o percurso também é muito importante.
Esse meu exercício reflexivo em tudo que faço veio no pacote maternidade. Antes eu não era assim, fazia muitas coisas sem pensar ou sem  antes questionar alguns pontos. Hoje, minhas atitudes e decisões acompanham uma lista de porquês e de questionamentos. Cansei de aceitar calada tudo o que a sociedade me impõe. Achava que não tinha disso no mundo materno, mas é onde mais se recebe influência e interferência da sociedade.

A influência, os palpites, as imposições vêm de todos os lados, da mídia, da vizinha, da tia, da prima, da vó, da sogra, da fulana na fila do supermercado e, principalmente, dos “dotô” ou dos metidos a “dotô”. Basta apontar a barriguinha que você já recebe uma enxurrada de informações, em sua maioria, desnecessárias, equivocadas, ultrapassadas e desrespeitosas para com a mãe e com o bebê. Mas são coisas que todo mundo faz e até hoje está todo mundo vivo aí pra provar que “deu certo”. Enfim, comigo não foi diferente.
Recebi aquela enxurrada de palpites e informações, mas aos poucos e dentro de minhas limitações, fui me informando, fui usando a lógica e o instinto e decidi que gostaria de ter um parto normal. A gravidez foi ótima, me lembro perfeitamente de cada movimento que Manuela fazia dentro do meu ventre, me lembro e morro de saudades das horas em que passávamos juntinhas, e a única coisa que eu fazia era acariciar minha barriga para sentí-la. Nada me incomodava, os kilos a mais, as dores pelo corpo, as perebas no rosto, a cara de batata, tudo isso era muito pequeno e insignificante perto do milagre que estava se realizando dentro do meu corpo. Minha gravidez foi MA-RA-VI-LHO-SA.

Sobre o parto, bem, o parto. Na verdade não foi um parto, foi uma cirurgia, a tão sonhada por umas e odiada por outras, a cesárea. Mas isso é história pra outra oportunidade. Tivemos que recorrer a cirurgia pois a Manuela resolveu estacionar na posição pélvica (sentada), dificultando o nascimento via vaginal. O importante foi que ela nasceu. Linda, saudável, mamando desde o centro cirúrgico. E aí começa uma linda história de amor, superação, lutas, vitórias, reflexões e muito instinto, materno e animal. Logo na primeira noite no hospital, pedi que me dessem a Manuela na cama, ela dormiu nos meus braços e mamando. E na segunda noite não foi diferente, dormimos juntinhas e agarradinhas. No dia seguinte ao nascimento, uma “mãezinha” que estava no mesmo quarto me viu acalentando a Manu enquanto meu café da manhã esfriava. Eu estava morrendo de fome, confesso, mas não queria nem saber de deixar a Manu chorando enquanto eu me alimentava, queria mais era acalmá-la, acariciá-la e fazê-la, sentir-se segura. Queria suprir primeiro a necessidade dela. Mas a “mãezinha” me falava: “- Deixa ela chorando no bercinho, se você continuar assim, nunca mais vai fazer nada, vai viver com ela no colo.” Foi aí que meu senso crítico e reflexivo, acompanhados do instinto animal e materno, começaram dar sinais de sua existência.

Na amamentação, que não é fácil, tivemos algumas dificuldades, bicos rachados, bebê mamando e regurgitando sangue dos bicos feridos, hiperlactação (leite demais), refluxo, mas muita paciência. O curso de amamentação que fiz pelo convênio médico durante a gestação foi de grande valia, mas o fundamental foi a minha persistência e a minha humildade em buscar ajuda. Logo no início da amamentação, minha mãe me aconselhou a ligar ao Banco de Leite, pois além de as enfermeiras ajudarem com as dificuldades do início da amamentação, eu poderia doar o leite que estivesse em excesso. Recebi a visita de uma das enfermeiras, ela me explicou muitas coisas e me incentivou a doar o meu leite, pois muitos bebês não podem ou não conseguem mamar em suas mães, principalmente os prematuros. E aí começou mais uma história de amor, mas o amor líquido, doado dentro de vidrinhos. Pra mim era só leite em excesso, mas pra algumas mães e bebês esse leite era e é vida. As dificuldades da amamentação passaram e veio o estado de graça, o vínculo, a troca de carinhos, o prazer, mais e mais amor. Continuo amamentando, em livre demanda, e continuo doando leite. Por motivos de força maior, precisei voltar ao trabalho quando Manu estava com 4 meses e 10 dias. Ouvi de uma pediatra que não poderia mais amamentar quando voltasse ao trabalho. Olha, se eu não tivesse dado ouvidos ao meu instinto e não tivesse buscado informação e reflexão a partir dessa afirmação da “dotôra”, talvez eu não estivesse mais amamentando. Mas eu fui atrás de informações, baseadas em evidências científicas, sabendo que o melhor para minha filha era continuar mamando meu leite e consegui. Estou trabalhando, continuo amamentando em livre demanda, e Manuela continua tomando meu leite no copinho enquanto estou fora de casa. Amamentar, ordenhar, trabalhar, nada disso é fácil. Mas tudo isso me proporciona satisfação, orgulho e a certeza de estar fazendo o melhor pela minha filha.
Ser mãe não é fácil, maternar não é fácil, mas ser bebê também não deve ser fácil, por isso achei e acho  necessário dar importância para cada chorinho, para cada sinal que o bebê nos manda. Mudei muitos pensamentos acerca da maternidade depois que me tornei mãe, quebrei muitos paradigmas, questionei muitas coisas, e segui o meu instinto e o meu coração. Conheci a criação com apego e me identifiquei com a maneira de maternar, respeitando a individualidade e as necessidades da minha filha, colocando-a sempre como prioridade nas nossas vidas. Para maternar com consciência, foi preciso fugir das generalizações, dos métodos infalíveis e das dicas “certeiras” do tempo da vovó. É preciso refletir diariamente sobre as imposições e práticas sociais para a criação dos filhos consideradas normais e reproduzidas há anos. É preciso refletir sobre tudo aquilo que você ouve e vê. É preciso aprender a dizer não, muito mais para os outros do que para o seu filho. É preciso ouvir o seu coração, é preciso seguir o seu instinto, mas o instinto animal que nos acompanha, não aquele “instinto” que já sofreu muitas interferências. E é isso que tenho feito e até agora tem dado certo. Ouço que sou/estou radical, muito natureba, neurótica, que não posso criar a minha filha dentro de uma bolha, que precisamos nos acostumar a ficar separadas, que isso e que aquilo. Mas o meu coração de mãe não me disse nada disso, o meu instinto animal e materno não me fizeram sentir nada disso. O meu coração me diz que estou no caminho certo e que esse caminho, apesar de não ser o mais fácil, é o mais prazeroso pra mim e pra Manuela e ele vai nos levar a uma árvore cheia de bons frutos.


 Yara Guariglia tem 27 anos, é mãe da Manuela Eiko (4 meses e 26 dias), Professora de Educação Infantil e Autora do Blog Dentro e Fora da Barriga. Atualmente, ela reside em Sorocaba/SP. 

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Criança é papel.

Imagine um papel em branco.
Imaginou? Agora imagine uma caneta e um lápis. Imaginou também?
Agora imagine que o lápis é o vilão e que a caneta é a heroína... Ok?
Agora empregue no lápis, todas as características ruins existentes nos seres humanos modernos. Exemplos?
Preconceito, racismo, homofobia, xenofobia, machismo, intolerância religiosa, entre outras...
Agora, aplique à caneta, todas as características boas (apesar de escassas) às quais somos expostos.
Amor, fraternidade, altruísmo, compaixão, amizade, lealdade, fidelidade, humanização... Pronto?
Agora finja que o papel é uma criança, e que o lápis e a caneta são dois dos adultos mais próximos dela.
Imaginado?
Mentalizem, por favor, o papel sendo rabiscado... Completamente rabiscado. Como se esses rabiscos fossem adquiridos ao longo da infância.
Após essa fusão de características, imagine que a cabeça da criança virou uma bagunça, o que já era de se esperar.
A partir dessa complexidade, a mente infantil obviamente está um caos. De um lado há os valores e de outro, a desvalorização da liberdade e necessidade de alienação.
Complicado, não?
Sim, porém, agora imagine uma borracha.
Borracha esta, que é outro adulto próximo... Agora veja lá no fundo do túnel, a borracha apagando todos os profundos riscos deixados pelo malvado lápis. É possível?
É. Embora o lápis consiga deixar violentas marcas no papel sensível, a parte mais escura é apagada.

Pra elucidar de uma forma distinta, mas não menos intensa e real, deixo esse vídeo que vi no digníssimo Cientista que virou mãe.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A Mãe da Alice. Por Jôyce Soares.


Mês que vem faz um ano que descobri a gravidez, descobri quando já estava com 8 semanas, isso significa que há um ano eu já estava grávida e não sabia, nem desconfiava que iria acontecer um mudança tão grande, tão radical. Desde a minha rotina, minha relação com o Pedro, com meus amigos e minha família, trabalho e até coisas sutis como a posição de dormir. Muda TUDO. O balanço é mais que positivo, ela veio preencher um vazio que eu nem sabia identificar, mas existia. Com a descoberta da gravidez, veio o susto no primeiro momento e depois a aceitação, aceitei como nunca havia aceitado nada nessa vida, mesmo com a surpresa, e o fato de nem desconfiar, e aceitei de alma. Peito e braços abertos e tudo a partir de então era expectativa. Na minha cabeça, gravidez era sinônimo de enjôos, reclamações e a cesárea tão esperada. Mas na prática não teve nada disso! Não tive enjôos, não reclamei "quase" nada e descobri uma forma mais natural de trazer minha filha ao mundo, decidi ter Alice numa casa de parto, estava tudo certo mas ela demorou e por pós-datismo fomos encaminhadas ao hospital e depois de um descolamento de membranas o trabalho de parto engrenou e conseguimos nosso parto normal. Mesmo com as intervenções, foi uma grande conquista e superação. E Alice nasceu, no dia 06 de junho de 2012, meu pacotinho de 3,035 e 48cm, e o cheirinho mais gostoso que já senti na vida. Nasceu no mesmo mês da mamãe, e geminiana como eu, papai se segure!

Durante a gravidez li muitos livros, e me envergonho por ter dito em um certo período da gravidez que o "Nana Nenê" seria o meu livro de cabeceira, Nana Nenê é um desses livros que ensinam o bebê a dormir deixando-o chorar, depois descobri que o bebê chega a um nível de tristeza tão grande que desiste de chamar a mãe, por isso dorme "tranquilamente". Pra mim nada mais é do que um daqueles métodos como no filme Laranja Mecânica. Um horror. Mas me orgulho de dizer que no final da gravidez e depois que ela nasceu essa teoria foi por água abaixo. Que fui seguindo instintivamente o que hoje eu sei que denomina-se Criação com Apego, criação com vínculo, com segurança emocional, essa sim tem um método infalível, você só precisa se entregar por completo, se comprometer com o seu bebê e nunca colocar suas necessidades na frente das necessidades dele. Amamento em livre demanda, dou colo 24 horas por dia, canto, embalo,  e amo, como amo! E tenho certeza que Alice vai crescer segura de si, confiante por saber que sempre que ela precisar vou estar disponível, e o papai nos apóia, às vezes rola um 'vai dar de mamá de novo? Mas ela acabou de mamar!', mas hoje em dia nem respondo mais, só mando aquele olhar e ele entende. Eu era uma pessoa extremamente ansiosa, impulsiva, imediatista... e tudo era pra ontem, fazia uma coisa já pensando em outra. Alice me trouxe a calma, a paciência, ela nasceu com 41 semanas e 6 dias e aprendi a respeitar o tempo dela.
Alice me trouxe foco, agora minha existência faz sentido, agora tenho objetivos mais concretos e definidos, sei me planejar melhor, sei o que quero da vida e ela está sempre em primeiro lugar nos meus planos e sonhos.

Ah! E aqui também fazemos cama compartilhada, e não vejo nenhum motivo para não fazê-lo, eu nunca gostei de solidão, quem gosta de solidão? Bebês também não gostam de se sentir sozinhos, eles gostam de carinho e de contato. Divido a minha cama e ainda faço cochinha quando tá muito frio. E a intimidade do casal vai pra onde? Pra outros lugares, é só usar a imaginação.


E agora, depois de 3 meses, passado o período de experiência, posso afirmar que ser mãe superou todas as minhas expectativas, Alice tá crescendo forte e saudável, o pediatra até me deu uma bronca por ela ter engordado muito, entrou por um ouvido e saiu pelo outro, aliás pediatra pra mim, só serve pra pesar e medir e quando tiver uma doença, ele fica me falando como devo amamentar e que devo parar com as mamadas da madrugada, mas mal sabe ele que só está gastando saliva. No dia que eu basear a criação da minha filha nas palavras de uma terceira pessoa, mesmo que essa pessoa seja o pediatra, me manda fazer um teste psiquiátrico porque nesse dia eu não estarei com a minha saúde mental muito boa. E pretendo sim, dizer não na hora certa, e com bom senso, mas que esse não seja realmente necessário e não uma forma de me poupar. Tenho visto muitas mães egoístas, é aí que mora o perigo e a culpa materna. Às vezes quando estou fazendo alguma coisa no meio da tarde e ela acorda, não saio correndo pra pegá-la no colo, deixo ela ficar quieta, deixo  resmungar e até chorar se eu não puder ir na hora, mas não deixo chorar se eu estiver lendo, ou no computador ou com preguiça de levantar. Minha aceitação tem refletido no nosso dia-a-dia, fica mais fácil quando você aceita que tem um ser humano que precisa de você, um ser humano que está descobrindo o mundo, descobrindo quem é. Curto cada momento, essa semana ela aprendeu a coçar o olho quando está com soninho, e tá começando a fazer força pra levantar. Cada descoberta é uma delícia, mas a minha grande descoberta foi aprender que não existe regra, não existe lei, nem segredo, basta amar e seguir o instinto, no fundo toda mãe sabe o que fazer.


domingo, 16 de setembro de 2012

Vivenciando a maternidade.

A partir de amanhã (17), postarei histórias reais sobre mães também reais.
O intuito é mostrar de uma forma simples e objetiva que a maternidade não é e nem nunca será fácil, mas que ela pode ser muito compensadora e feliz. Sendo insubstituível e se tornando o ponto mais alto da vida de uma mulher.

sábado, 15 de setembro de 2012

Sobre papinhas.

Assim que o bebê completa 6 meses de vida, o fim do período de aleitamento materno exclusivo se aproxima.
Em outras palavras, o bebê para de se alimentar somente com o leite materno (como recomenda a OMS) e passa a experimentar outros alimentos. No caso, frutas e legumes.
Aqui na minha casa, quando estávamos prestes a adentrar ao mundo da introdução dos sólidos, eu entrei em crise.
Pensei que não ia dar conta de cozinhar todos dias, pensei que o Pedro iria largar o peito, pensei em mil e uma bobagens.
E de certa forma, recuei em vez de dar um passo à frente.
Eis que sem muita empolgação na época dos seis meses recém completos, ofereci ao Pedro, sua primeira papinha na vida, preparada com legumes frescos e com muito amor e carinho (embora por dentro, eu estivesse chorando canivetes).
Sem muita dramatização, o Pedro negou a papinha. SIM, N-E-G-O-U! Como?
Fez cara de ânsia, cuspiu e chorou. Prontamente, eu parei de oferecer a papinha e aí, se deu início a um dilema na minha vida:
Pedro não quer comer.
Tentei por muitas outras vezes e obviamente, sem obter resultados.
Ofereci papinha de um legume só, ofereci papinha de vários legumes misturados, ofereci papinha com tempero (sem sal, hein, geit!), ofereci papinha sem tempero, ofereci papinha nem tão papinha, ofereci papinha bem papinha, ofereci tudo. E nada.
Daí comecei a achar que o problema não estava no Pedro, e sim, na MINHA papinha. Pra não morrer na dúvida, comprei dois potinhos de obesidade infantil enlatada papinha Nestlé, e ofereci pra ele com o coração na mão.
Após os 5 segundos mais longos e tensos da minha vida, o resultado foi bem pior do que os anteriores. Se o Pedro não gostava da papinha que eu fazia, a papinha Nestlé, ele abominou. E eu fiquei feliz!
Passado o "susto" ao qual eu mesma decidi me submeter, eu relaxei. Relaxei porque ele ainda mamava muito bem, estava ganhando peso, dormindo da forma que sempre dormiu e o Pediatra disse para irmos do jeito que estávamos indo: Devagar-quase-parando. Oferecia todos os dias as frutas que ele sempre aceitou bem e de vez em quando, preparava uma papinha pra ver se ele aceitava. Quase sempre esses testes foram sem muito sucesso, embora o Pedro aceitasse um caldinho de feijão aqui, uma sopinha de mandioca acolá.
O tempo foi passando, chegamos aos 7 meses com a amamentação quase que exclusiva ainda, ou seja, nada de papinhas.
As críticas começaram e eu tive que ouvir coisas absurdas como se eu fosse preguiçosa e tivesse deixando o Pedro passar fome.
Não dei ouvidos a esse tipo de merda que as pessoas soltam pela boca papo furado e continuamos no tetê.
Vez ou outra eu fazia papinhas, tentava e nada. Cheguei até a congelar, como se o passo dependesse só de mim, e no fim das contas, as papinhas foram todas parar nos pratinhos dos nossos cães.
Até que aos 8 meses e meio, resolvi ir visitar o mercado e trazer algumas frutas e legumes pra tentar, mais uma vez, fazer com que o Pedro aceitasse a papinha.
Minha mãe cozeu e temperou com gotinhas de azeite. Oferecemos ao Pedro sem muita esperança e como num simples passe de mágica, ele devorou míseras 20 colheres de papinha.
Fiquei super feliz, primeiro porque comer saudavelmente é um dos pilares da qualidade de vida, segundo porque eu tinha conseguido respeitar o tempo dele, e eu tinha conseguido fazer com que as pessoas ao redor também respeitassem.
E desde então, o Pedro tem comido super bem.

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Aproveitando o post, quero falar das papinhas Nestlé (a mesma que eu comprei pro Pedro experimentar).
Bom, em primeiro lugar quero deixar bem claro que eu não sou contra oferecer esse tipo de comida ao bebê desde que não seja continuamente.
Se você, mãe, precisa sair, precisa passar uns dias na casa de algum parente, ir viajar, sei lá, e não tem como oferecer outro tipo de alimento ao seu filho, a opção papinha Nestlé é aceitável.
Agora se você, mãe, prefere ir à academia, fazer as unhas, escovar os cabelos, dormir ou qualquer outra coisa, em vez de colocar meia dúzia de legumes numa panela de pressão com água e ficar "cuidando" por 5 minutos, eu recomendo que você volte à estaca zero e devolva o seu "diploma de mãe" pois certamente há alguma coisa de errado aí.

Bom... Vamos ao que interessa:

Por que não dar papinha Nestlé ao seu filho?

Além das substâncias nocivas (Bisfenol A - BPA), que é encontrada na tampa da papinha, a papinha Nestlé conta com 50% de sua composição à base de espessante. Ou seja, as papinhas contém 50% menos nutrientes, vitaminas e etc do que o alimento integral.
Há também, o excesso na quantidade de ácido cítrico (que serve para preservar a papinha), para quem não sabe, o ácido cítrico está presente também, em um bom número de produtos desengordurantes, porque é considerado uma substância altamente abrasiva.
Não há uma diversidade considerável nos sabores das papinhas Nestlé, o contrário do que se recomenda. Quanto mais diversificado o prato, mais saudável ele é.
Preço: 120g de papinha sai em torno de 5$, quase sempre esse valor é mais elevado do que um quilo de qualquer legume ou 120g de vários legumes.
Cabeça pensante: De fato não dá para confiar em comida que não estraga. E não dá para considerar uma ótima opção, uma lasanha de microondas por exemplo.
Papinha Nestlé está para alimentação infantil, assim como Miojo está para Gastronomia.

Outros fatores:
Nos Estados Unidos, mais de 50% das famílias pesquisadas, alimentam seus filhos com papinhas industrializadas (er, Americanos!), além da comodidade, os potinhos de papinha nos EUA, saem em torno de U$ 0,60, enquanto um quilo de maçã não sai por menos de 4 dólares.
No Brasil, a realidade é outra. As papinhas possuem um valor elevado (quase que fora do orçamento da maioria dos brasileiros, graças a Deus) enquanto que as frutas e legumes são facilmente encontrados por valores mais acessíveis.

Bom, eu acredito que uma base alimentar saudável começa desde cedo, e por conta disso, vale a pena ressaltar a importância de uma alimentação balanceada e rica em vitaminas, fibras e minerais, e vale a pena ressaltar também, que aqui, no Brasil, 15% da população infantil é obesa.


Fonte-maravilhosa: Aqui ;)

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

105 dias para 365 dias.

Tamo aí, beirando os 12 meses.
Felizes, saltitantes, consumistas, aprendizes em planejamento de eventos (no caso a festinha de aniversário), com 3 dentes e meio, uma alergia que nunca passa (ohgosh), noites bem dormidas, muito amor, muito leite, muito carinho...
Um quilo a mais a cada mês, uma descoberta nova a cada dia. Algumas papinhas sim, outras não. Algumas palavras sim (bobó e mamã), outras não. Um humor empático, que chora quando alguém chora e ri quando alguém ri (mesmo sem saber o motivo) e ainda dormindo em passeios.

Por falar em passeio, fomos ao Zôo.
Depois de muito planejamento, um sufoco pra acoplar as muamba dentro do porta malas, um estacionamento com preço abusivo, um calor digno de diabo usar ventilador e uma fila quilométrica, chegamos ao tão sonhado lugar (só que não). Demos uma voltinha evitando o sol, chegamos na ilha dos macacos, Pedro olhou com cara de quem não tarra entendendo nada, foi ficando com sono, mamou uns bom tanto e tcharam, pegou no sono.
Demos mais algumas voltas, tomamos um refrigerante (pais saudáveis) e voltamos pra casa. Fim.
Mas valeu o momento. Só não valeu a grana que eu joguei fora. Haha.
Fica aí a foto de recordação da primeira vez no Zôo.


quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Sobre os perrengues da vida de mãe.

Começou lá pelo dia 20 de agosto. Nariz entupido, febre, sono fudidamente desregulado e tosse seca.
Obviamente, sintomas de gripe.
Como ele já teve um quadro de bronquiolite e por ter ficado na companhia de um bebê com a garganta inflamada, fomos logo visitar o PS.
Após os exames de rotina, o médico constatou que se tratava mesmo de uma garganta inflamada.
Saímos de lá com uma receita de xarope. Estranhei o fato do Senhor Dotô não ter prescrito nenhum medicamento para a garganta, mas resolvi não reclamar. Primeiro porque dia 22 ele teria consulta com o Pediatra que o acompanha e segundo porque tava tarde, o plantonista tava dormindo (tinha acabado de acordar na verdade) e as chances d'ele receitar um medicamento errado era bem alta, então deixei quieto mesmo e com a consciência limpa.
Passamos na farmácia, compramos o xarope e voltamos pra casa. 
Naquela noite e na noite seguinte, o Pedro continuou mal. Não conseguia respirar direito, tava dormindo como a frequência do resultado da TeleSena (acordava de hora em hora) e eu tava podre. Mas sobrevivemos e no dia 22 fomos ao Pediatra.
Chegando lá, o Pedro tava mal. Mole, não queria nem mamar, não dormia, tossia... Enfim, uma verdadeira merda.
Depois de medir, pesar, checar ouvidos, nariz e garganta, o Pediatra receitou um antibiótico e um antialérgico.
Eu não hesitei, pois como mãe-intuitiva-instintiva que sou, notei que ele poderia piorar... Passamos na farmácia e então, comecei a administrar os medicamentos.
Um dia e meio depois, o Pedro se esbaldou na laranja... E 5 minutos depois de terminar de chupar a segunda laranja, vomitou. Mas vomitou muito!
Eu logo desconfiei do antibiótico, mas antes de dar o veredicto final, observei mais um pouco.
Passaram-se mais algumas horas e então, o Pedro acumulou a bagatela de 5 vômitos. Incluindo leite materno. Tive a certeza de que não se tratava de regurgitação, porque era diferente... E porque há tempos o Pedro não regurgita mais.
O vômito tinha o cheiro específico do antibiótico. Passei os olhos pela bula (antes que me julguem menasmãe, eu não leio pra não ficar nas neura!) e vi que vômitos e diarréia faziam parte do quadro de reações alérgicas. Pronto, intuição confirmada. Suspendi o uso e o Pedro imediatamente parou de vomitar.
Continuei com o antialérgico e com o xarope. Este, era para ser tomado até que a tosse seca desaparecesse.
Passaram-se mais 2 ou 3 dias (não me recordo) e os sintomas não desapareceram. Voltamos pro PS.
Desta vez, a Dotôra que nos atendeu, era a mesma que solicitou a internação do Pedro, quando ele teve bronquiolite.
Na hora, ela constatou que o pulmão estava carregado e pediu dois Raio-X. Da face e do tórax.
Confesso que com aquele pedido em mãos, voltei há 4 meses. Quando no mesmo hospital, chorei um balde de lágrimas por conta de internação dele. Naquela hora, um nó subiu na minha garganta, mas eu fui forte e o engoli, de forma que rasgasse todo o meu sistema digestivo.
Fizemos os exames, o Pedro obviamente chorou... E saímos da sala, sem maiores problemas.
Nos 15 minutos seguintes, passou-se uma vida toda. E os resultados saíram. Voltamos pro consultório...
Peito um pouquinho carregado. Troca de medicamentos. Uma indicação de desmame (aham, tá, dotôra), e um sentimento de frustração.
E lá vamos nós pra farmácia. Em busca de mais um antibiótico e corticóide.
Chegamos em casa, substitui a pequena farmácia que habitava a parte superior da cômoda e logo administrei os remédios.
Em 3 dias, ele tinha que melhorar. Se não melhorasse... Hospital novamente.
2 dias de se passaram e nenhuma melhora aparente. Mas dessa vez, eu decidi ir ao Hospital determinada a encontrar uma solução.
Peguei o Pedro, na companhia do papai, catei os documentos e mais uma vez, seguimos para lá. 
O mesmo Dotô - INCOMPETENTE, diga-se de passagem, que nos atendeu pela primeira vez. Nos atendeu (após uma horinha de soneca e após o pai de um outro bebê reclamar) com a mesma cara de cocô.
Sem vergonha e com bastante raiva, cuspi tudo o que tava entalado. Falei do xarope que não serviu pra nada. Da falta de medicamento pra garganta, da alergia ao antibiótico... Das 3 outras idas ao médico. Descarreguei tudo, feito uma metralhadora.
Ele receitou duas inalações com intervalo de 30 minutos, que deveriam ser feitas no próprio Hospital. E depois, retorno no consultório.
Fizemos as inalações e retornamos, mas não encontramos tal Dotô.
No lugar dele tinha outro... Mais engajado, digamos assim...
Logo após a avaliação, já fui um tanto quanto grotesca a mal educada e perguntei em tom de ironia: E aí, qual será o antibiótico da vez?
Ele me olhou com uma cara de outro mundo e respondeu: Antibiótico, pra quê?
Seu filho tem asma... E asma não tem cura, só tratamento. Inalação.
Confesso que saí do consultório confusa. Não sei se acreditei ou não no diagnóstico à la Mãe Dinah. Mas resolvi fazer só as inalações.
Depois de dois antibióticos, um xarope, corticóide, antialérgico, vômitos, diarréia e assaduras brutais, ele melhorou.
Agora vamos procurar novamente um pneumologista para exames mais precisos e um diagnóstico mais confiável e se for real o caso da asma, vamos procurar tratamento e exercícios que proporcione ao Pedro uma melhor qualidade de vida.
No mais, estamos bem. Graças a Deus.