sábado, 15 de setembro de 2012

Sobre papinhas.

Assim que o bebê completa 6 meses de vida, o fim do período de aleitamento materno exclusivo se aproxima.
Em outras palavras, o bebê para de se alimentar somente com o leite materno (como recomenda a OMS) e passa a experimentar outros alimentos. No caso, frutas e legumes.
Aqui na minha casa, quando estávamos prestes a adentrar ao mundo da introdução dos sólidos, eu entrei em crise.
Pensei que não ia dar conta de cozinhar todos dias, pensei que o Pedro iria largar o peito, pensei em mil e uma bobagens.
E de certa forma, recuei em vez de dar um passo à frente.
Eis que sem muita empolgação na época dos seis meses recém completos, ofereci ao Pedro, sua primeira papinha na vida, preparada com legumes frescos e com muito amor e carinho (embora por dentro, eu estivesse chorando canivetes).
Sem muita dramatização, o Pedro negou a papinha. SIM, N-E-G-O-U! Como?
Fez cara de ânsia, cuspiu e chorou. Prontamente, eu parei de oferecer a papinha e aí, se deu início a um dilema na minha vida:
Pedro não quer comer.
Tentei por muitas outras vezes e obviamente, sem obter resultados.
Ofereci papinha de um legume só, ofereci papinha de vários legumes misturados, ofereci papinha com tempero (sem sal, hein, geit!), ofereci papinha sem tempero, ofereci papinha nem tão papinha, ofereci papinha bem papinha, ofereci tudo. E nada.
Daí comecei a achar que o problema não estava no Pedro, e sim, na MINHA papinha. Pra não morrer na dúvida, comprei dois potinhos de obesidade infantil enlatada papinha Nestlé, e ofereci pra ele com o coração na mão.
Após os 5 segundos mais longos e tensos da minha vida, o resultado foi bem pior do que os anteriores. Se o Pedro não gostava da papinha que eu fazia, a papinha Nestlé, ele abominou. E eu fiquei feliz!
Passado o "susto" ao qual eu mesma decidi me submeter, eu relaxei. Relaxei porque ele ainda mamava muito bem, estava ganhando peso, dormindo da forma que sempre dormiu e o Pediatra disse para irmos do jeito que estávamos indo: Devagar-quase-parando. Oferecia todos os dias as frutas que ele sempre aceitou bem e de vez em quando, preparava uma papinha pra ver se ele aceitava. Quase sempre esses testes foram sem muito sucesso, embora o Pedro aceitasse um caldinho de feijão aqui, uma sopinha de mandioca acolá.
O tempo foi passando, chegamos aos 7 meses com a amamentação quase que exclusiva ainda, ou seja, nada de papinhas.
As críticas começaram e eu tive que ouvir coisas absurdas como se eu fosse preguiçosa e tivesse deixando o Pedro passar fome.
Não dei ouvidos a esse tipo de merda que as pessoas soltam pela boca papo furado e continuamos no tetê.
Vez ou outra eu fazia papinhas, tentava e nada. Cheguei até a congelar, como se o passo dependesse só de mim, e no fim das contas, as papinhas foram todas parar nos pratinhos dos nossos cães.
Até que aos 8 meses e meio, resolvi ir visitar o mercado e trazer algumas frutas e legumes pra tentar, mais uma vez, fazer com que o Pedro aceitasse a papinha.
Minha mãe cozeu e temperou com gotinhas de azeite. Oferecemos ao Pedro sem muita esperança e como num simples passe de mágica, ele devorou míseras 20 colheres de papinha.
Fiquei super feliz, primeiro porque comer saudavelmente é um dos pilares da qualidade de vida, segundo porque eu tinha conseguido respeitar o tempo dele, e eu tinha conseguido fazer com que as pessoas ao redor também respeitassem.
E desde então, o Pedro tem comido super bem.

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Aproveitando o post, quero falar das papinhas Nestlé (a mesma que eu comprei pro Pedro experimentar).
Bom, em primeiro lugar quero deixar bem claro que eu não sou contra oferecer esse tipo de comida ao bebê desde que não seja continuamente.
Se você, mãe, precisa sair, precisa passar uns dias na casa de algum parente, ir viajar, sei lá, e não tem como oferecer outro tipo de alimento ao seu filho, a opção papinha Nestlé é aceitável.
Agora se você, mãe, prefere ir à academia, fazer as unhas, escovar os cabelos, dormir ou qualquer outra coisa, em vez de colocar meia dúzia de legumes numa panela de pressão com água e ficar "cuidando" por 5 minutos, eu recomendo que você volte à estaca zero e devolva o seu "diploma de mãe" pois certamente há alguma coisa de errado aí.

Bom... Vamos ao que interessa:

Por que não dar papinha Nestlé ao seu filho?

Além das substâncias nocivas (Bisfenol A - BPA), que é encontrada na tampa da papinha, a papinha Nestlé conta com 50% de sua composição à base de espessante. Ou seja, as papinhas contém 50% menos nutrientes, vitaminas e etc do que o alimento integral.
Há também, o excesso na quantidade de ácido cítrico (que serve para preservar a papinha), para quem não sabe, o ácido cítrico está presente também, em um bom número de produtos desengordurantes, porque é considerado uma substância altamente abrasiva.
Não há uma diversidade considerável nos sabores das papinhas Nestlé, o contrário do que se recomenda. Quanto mais diversificado o prato, mais saudável ele é.
Preço: 120g de papinha sai em torno de 5$, quase sempre esse valor é mais elevado do que um quilo de qualquer legume ou 120g de vários legumes.
Cabeça pensante: De fato não dá para confiar em comida que não estraga. E não dá para considerar uma ótima opção, uma lasanha de microondas por exemplo.
Papinha Nestlé está para alimentação infantil, assim como Miojo está para Gastronomia.

Outros fatores:
Nos Estados Unidos, mais de 50% das famílias pesquisadas, alimentam seus filhos com papinhas industrializadas (er, Americanos!), além da comodidade, os potinhos de papinha nos EUA, saem em torno de U$ 0,60, enquanto um quilo de maçã não sai por menos de 4 dólares.
No Brasil, a realidade é outra. As papinhas possuem um valor elevado (quase que fora do orçamento da maioria dos brasileiros, graças a Deus) enquanto que as frutas e legumes são facilmente encontrados por valores mais acessíveis.

Bom, eu acredito que uma base alimentar saudável começa desde cedo, e por conta disso, vale a pena ressaltar a importância de uma alimentação balanceada e rica em vitaminas, fibras e minerais, e vale a pena ressaltar também, que aqui, no Brasil, 15% da população infantil é obesa.


Fonte-maravilhosa: Aqui ;)