Para todas as grávidas...

São conclusões que tirei ao longo dos 51 dias de vida do Pedro.

Me disseram que eu nunca mais iria dormir. E com certeza já disseram isso pra você também.
Que eu ia ter que acordar umas 30 vezes ao longo da madrugada. E é verdade, eu realmente já acordei até mais de 30 vezes e eu por vezes, deixei de dormir pra me certificar de que tudo estava bem com ele.
Eu já sabia que isso ia acontecer e confesso que até tinha medo, mas eu não sabia do tamanho do amor que iria transbordar em mim todas as vezes que eu o visse dormindo. E não sabia que esse amor iria se multiplicar por números infinitos a cada sorriso dele.

Me disseram que filho dá trabalho, que acorda chorando, que só quer mamar.
E realmente, tudo isso acontece.
Mas não me disseram o tamanho da satisfação que o trabalho traz, esqueceram de me dizer que ele iria parar de chorar, só pelo fato de estar aconchegado no calor dos meus braços. Também esqueceram de me dizer que por mais que doa, machuque e sangre, não há laço de ternura maior do amamentar uma criança.
E isso tudo fica ainda maior, quando você descobre que o seu leite, é a única fonte de alimento dela.

Disseram que a minha vida nunca mais seria a mesma. Pura verdade. Antes d'eu engravidar, não tinha a mínima noção do que é o amor, do que é família, do que é carinho, do que é SER MÃE.
Hoje, graças a Deus, eu tenho - e isso é impagável.

Disseram também que por vezes eu ficaria cansada, enfadada, a beira da desistência e que as horas tranquilas de sono me fariam imensa falta.
É, realmente isso acontece, mas ao mesmo tempo que acontece, você descobre que não há uma percepção maior do amor, quanto ao olhar do seu filho, bem no fundo dos seus olhos.
E que logo logo, seu sono acostuma a ser picado e você se sentirá viva e ativa todos os dias pela manhã, só de olhar o seu rebento dormir!
E que apesar de ter um sono acumulado, ele jamais será profundo, porque você mais do que nunca, precisará fiscalizar uma respiraçãozinha ao longo de vários meses (ou anos).

Disseram que eu nunca mais iria querer ter filhos. Aí se enganaram.
Ter um filho me fez perceber que quem se abdica disso, sinceramente não sabe o que perde. Que diante de tantas dificuldades, o amor sempre prevalece. Que não há recompensa maior do que gengivas à mostra, às 3, 4, 5 da manhã.
Que amamentar é algo que nos faz voltar às nossas mais profundas raízes. É a vontade de colocar o bebê debaixo de nossas asas. É se tornar bicho! Fêmea mamífera, mãe e guerreira.

Disseram pra eu esquecer dos amigos, da vida social, das viagens.
Eu digo que não. Que não é pra esquecer, é pra acrescentar nisso tudo, mais uma vida. Uma pessoa...


E antes disso tudo, digo à você, barriguda, que aproveite cada minutinho desse barrigão que por vezes te atrapalhou ou atrapalha. Porque depois que ele sumir, você sentirá saudades de cada chute, cada pé na costela, cada centímetro a mais na circunferência, cada carinho que você recebeu...
E depois que sua barriga sumir, e seu bebê aparecer, digo pra que aproveite cada segundinho, porque mais rápido do que uma gravidez, é a velocidade com que seu bebê irá crescer.
Hoje ele mama, amanhã ele come, hoje ele depende de colo, amanhã ele engatinha e anda. Hoje ele chora, amanhã ele fala. E assim vai...


E pra finalizar, quero dizer que gravidez não é um bicho de sete cabeças. Que há sim, certas (e muitas) dificuldades, mas pra quem carregou por 9 meses um bebê de 3kg, mais um balde de líquido amniótico, placenta e alguns kilos a mais, nenhuma dificuldade é bastante grande pra que faça com que a gente desista de cumprir com as responsabilidades do dia-a-dia com um belo sorriso no rosto.
E como recompensa disso tudo, ainda ouviremos, num futuro nem tão distante, um belo, suave e estarrecedor: Mamãe, eu te amo.