terça-feira, 6 de março de 2012

Matutando ainda...

Pedro não foi planejado e isso não é segredo. Eu não esperava, o papai não esperava, os avós não esperavam, ninguém esperava.
Não casamos, eu não tenho formação superior, nem emprego suficientemente bom.
Vieram os medos, um pouco de vergonha, o amadurecimento um tanto quanto precoce e a aceitação.
Primeiro trimestre conturbado que felizmente sobrevivemos ilesos entre mortos e feridos.
Perguntas que ficaram sem respostas e eis que depois que toda a onda de "eu sou uma irresponsável" passou, algumas coisas nebulosas ainda habitavam a minha mente.

Quando eu decidi criar esse espaço, li muitos outros blogs. Blogs de tentantes, de grávidas, de mães e mães de anjos*.
Me deparei com histórias lindas de amor, de superação, de supermães. Mas também me deparei com histórias tristes de mulheres que tentam engravidar e por algum motivo desconhecido não conseguem, de mães que perderam seus filhos. Algumas histórias em que os filhos não passavam de embriões ainda sem forma, e outras de bebês já prontinhos, alguns na barriga e outros já nascidos.
Diante dessa vida real que habita o espaço virtual que é um tanto quanto irreal, eu fiquei desnorteada.

Senti medo. Senti culpa. Senti vergonha. Senti.
Chorei lendo relatos de partos, chorei lendo histórias de mães que tiveram de enterrar seus filhos, chorei lendo sobre abortos espontâneos e chorei lendo que o resultado tinha dado mais uma vez, negativo.

E de todos esses sentimentos misturados, eu tirei conclusões que mudaram o meu jeito de pensar, que me ajudaram na fase da aceitação, me ajudaram a amadurecer, me ajudaram a ser a mãe que eu sou hoje, me ajudaram a perceber que filhos são sementes escolhidas e plantadas por Deus, e que só Ele tem o poder de nos presentear ou não.

Hoje em dia a medicina, a ciência e a tecnologia nos proporciona diversos métodos contraceptivos.
Pílulas anticoncepcionais de uso contínuo, preservativos, espermicidas e em caso de "vacilo" a pílula do dia seguinte.
A eficácia dos produtos citados, são comprovados. Mas um dia a pílula anticoncepcional falha, o preservativo estoura, o espermicida chega à marca de 21% de falha e a pílula do dia seguinte não funciona porque o óvulo já foi fecundado. E aí o (por muitas vezes temido) positivo aparece.
E você percebe que não há no mundo, uma forma 100% eficaz de evitar bebês. Ou então você percebe que aquela era a hora. Que tinha chegado a sua vez e que você teria de encarar mesmo não querendo. Percebe isso, porque você já tinha vacilado outras vezes e nunca tinha "dado nada".

 Percebe também, olhando ao seu redor, que muita gente tenta de todas as maneiras ter um filho, e não consegue. Se submetem a enecentos tipos de exames muitas vezes invasivos, se submetem à tratamentos desembolsando um valor que daria pra criar 5 crianças, se submetem à ouvir muitas coisas desagradáveis de médicos, enfermeiros, ultrassonografistas e etc. E dificilmente obtém o resultado esperado.

E você percebe que assim é a vida. Que Deus escolhe, Ele controla. Que nós somos apenas instrumentos. E que Deus tem o tempo d'Ele. Que ele escolhe o vaso e faz com que a semente vingue!
Que temos de aceitar, que devemos aceitar. E que nada é tão difícil que não podemos suportar. Que ainda há fé, esperança e amor.
E que um filho é algo sublime e surreal. Que não há palavras que possam descrever o que é se tornar mãe.
Que realmente é difícil viver a maternidade plena. Que por muitas vezes ficamos sem energia, mas que a energia prontamente se recompõe a cada sorriso ganho!
Não vou dizer que é fácil, porque realmente não é. E ninguém me disse que seria. Mas não ache que é difícil ao ponto de não suportar. Olhe ao seu redor e perceba que existem situações muito mais difíceis e mais doloridas do que a sua... Não que isso sirva de consolo, mas que sirva de lição, pois força, coragem e fé nunca são demais. E definitivamente não há alegria maior do que ser mãe...




*Mãe de anjo é o termo designado para nomear as mães que perderam seus filhos quando eles já não eram apenas embriões.







3 Opiniões:

Raiza Dias disse...

Lindo!!!

Beatriz Nunes disse...

Descreveu tudo o que sinto, lindo demais!

Fernanda Izilda disse...

Ser mãe é a melhor coisa do mundo, não importa a circunstância ou situação. Ser mãe é único. E não existe ex-mãe. Mãe é pra sempre e só quando se é, é que se consegue entender tudo o que até então se achava piégas demais, como: ser mãe é padecer no paraíso!
Lindo Pri!

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