terça-feira, 19 de junho de 2012

Do que eu nunca falei.

Desde que uma amiga criou um grupo voltado às grávidas no FB, eu nunca mais parei de receber convites e de até mesmo ser "colocada" em milhares de outros grupos com o mesmo tema.
Dia desses, me enfiaram num determinado grupo, bem frequentado por sinal. Com mais de 900 grávidas e mães.
Logo que me colocaram, eu fui xeretar pra já de cara ver o que me agradava e o que não me agradava. Visto que muito mais coisas me desagradam.
Vasculhando aqui e ali, pude perceber que se tratava de um grupo grande, mas que ele também possuía uma panelinha. Uma pequena panelinha.
Panelinha esta, liderada pela dona do grupo. Cuja intenção era simplesmente levantar a bandeira do parto natural/humanizado/normal. Repudiar cesarianas em todos os casos. Não fazer uso de chupeta, nem de mamadeira, neeeeeem de leite artificial. E obviamente, apoiar o Attachment Parenting.
De início, eu não me importei. Até porque eu acho bacana que as pessoas se imponham de uma forma mais nítida na internet. E acho bacana também que outras levantem bandeiras.
Mas depois de alguns dias, comecei a notar a falta de respeito das participantes do grupo.
Falta de respeito sim. E preconceito também.
Porque assim, eu acho que antes de levantarmos quaisquer bandeiras, temos que levantar a bandeira do respeito. E da liberdade também!
Eu sei - e pra falar a real, tô cansada de saber, que muuuuuuitas cesarianas desnecessárias são realizadas no Brasil. E que muitas delas, são realizadas por meio de uma enganação. Enganação porque os Obstetras afirmam que existem complicações e riscos que na verdade não existem, afirmam a "passagem estreita", a falta de dilatação e mais um milhão de balelas, que fazem com que as grávidas caiam no conto do vigário.
Mas existem também, grávidas que optam pelas cesarianas. Por medo, por pavor, por paúra, por trauma... Enfim, POR N MOTIVOS.
E eu acho que essas também devem ser respeitadas. Respeitadas porque elas também possuem o direito de escolha, não?
Ao meu ver, sim.
Assim como merece o direito da escolha e também o respeito, a mulher que opta por ter o filho em casa, no hospital, na casa de parto, sem episio, sem N intervenções e procedimentos, enfim...
E quem não merece respeito são os obstetras que usam do "estudo" e da confiança, para enganarem aquelas mais desinformadas.
À estes, também cabe punição! 
Eu nunca falei abertamente desse assunto, mas olha, tem coisas que realmente me emputecem.
Essa coisa de mãe de parto normal é mais mãe. Mãe de cesárea não é mãe.
Eu acho que as pessoas são diferentes, que possuem limitações diferentes e que o parir ou não parir deve ser direito da mulher. Ela deve escolher.
Assim como eu apoio o fato da liberdade pra optar ter ou não ter o filho.
Eu ouço tanta ladainha a favor disso e daquilo, a favor do respeito. Mas essas mesmas pessoas, ou pessoas ligadas à essas pessoas, são as mesmas que aparecem com novecentas e setenta e três pedras nas mãos para atacar a mulher que escolheu passar por uma cirurgia.
Assim como a grávida que deseja ter o filho em casa, sem procedimentos de rotina, seria desrespeitada se fosse obrigada a passar por uma cirurgia.
É desrespeito querer obrigar (e julgar) aquela que optou por não ter um parto normal.
Entenderam onde eu quero chegar?
O assunto é cansativo, eu sei. É polêmico também... Mas é muito difícil ser respeitado, aquele que não respeita.
No mais, eu me desvinculei do grupo.

Por último, mas não menos importante, quero deixar bem claro que eu também sou contra as cesáreas marcadas por meio da enganação e das mentiras dos obstetras.
Mas eu sou a favor da cesárea decidida pela mulher consciente. Assim como fui a favor da minha cesárea.
E assim como sou a favor do parto domiciliar, do parto em casa de parto... Enfim, eu sou a favor da liberdade. E contra o preconceito (e os julgamentos). Sou a favor do respeito e do direito de escolha! :)
 E por falar nisso, um grande Parabéns àquelas que participaram da Marcha do Parto em Casa nesse fim de semana. Uma mobilização maravilhosa pelo direito de escolher.