quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Da crítica à culpa.

Você é mãe?
Se sim, você já se sentiu culpada?
Lógico que eu sei a resposta: SIM.
Quando nos tornamos mães, queremos sempre o melhor para os nossos filhos.
Seja no enxoval, nas roupas, brinquedos, móveis, até a alimentação.
A palavra "melhor", passa a ficar saliente em nosso subconsciente assim como a palavra "perfeição"...
Mas em meio à tantas novidades, incluindo adaptação, noites de choro e etc, esquecemos que ainda somos humanas... E logicamente, imperfeitas.
Eu já me senti culpada. Você também já.
E se não sentiu, em breve se sentirá.
A culpa abrange todos os magníficos pontos da maternidade. Porque você aprendeu (seja com a tradição familiar, com a internet, com o pediatra, enfim...) "assim", mas depois alguém veio e te disse que o melhor é "assado".
Mas além de te ensinar uma forma "melhor" a tal pessoa te criticou... E certamente, te diminuiu.
Aí, você precisou scanear na sua memória-materna-que-nunca-falha todas as vezes em que você errou fazendo "assim". E obviamente, encontrou.
Um nó subiu à garganta. Você se sentiu um lixo. Se perguntou, lá nos fundilhos da alma, se merecia mesmo ter gerado um filho lindo. Ou então, se aquilo o prejudicaria mais pra frente.
E respectivamente, as respostas que você jurou ter ouvido foram: Não e sim.
E você se pega tropeçando em mais uma pergunta: Devo ou não me sentir culpada?
Sabe qual é a resposta? Não.

Sabe por quê?
Porque (in)felizmente não nascemos sabendo de tudo. E o Brasil é o país da desinformação. Aqui, ou você corre muito, veja bem, eu disse MUITO atrás da bendita informação, ou então você morre sem saber de nada.
Porque os comerciais mentem, o Ministério da Saúde mente, os pediatras mentem, os obstetras mentem, a Nestlé mente e o fabricante do andador também mente.
E quem sai perdendo com isso, são os bebês. Os inocentes bebês... Que são criados como sobreviventes, rebentos de mães desinformadas, mantidas, manipuladas e alienadas por um sistema ganancioso e posteriormente, CULPADAS por erros que foram quase que OBRIGADAS a cometerem.

Você deve estar se perguntando: Que diabos de texto é esse? Por que ela tá falando disso? O que isso tem a ver? MAHEIN?

Então, sem mais delongas, o que eu tô querendo dizer é que há uma imensa diferença entre o se sentir culpada por ter informação e conhecimento suficientes para proporcionar o melhor ao seu bebê e o se sentir culpada por não ter informação suficiente e fazer o melhor que estava ao seu alcance.

No primeiro caso, você tem que se sentir culpada mesmo.
Culpada por saber que andador faz mal e ainda assim, permitir que o seu filho use.
Culpada por trocar a amamentação pela chupeta.
Culpada pela introdução de sólidos antes do 6º mês de vida.
Culpada por tudo o que a sua consciência alarma dizendo que é errado e mesmo assim, você ignora e faz sem maiores preocupações.

Eu não quero te diminuir como mãe, muito menos ressaltar que eu sou mais mãe porque eu ajo de tal forma. (Mãe é mãe. Botou no mundo, é mãe. Mas há uma diferença também entre ser mãe e se tornar mãe.)
Quero deixar claro que o "correto" é subjetivo e relativo. Ele pode ser o pior pra você e o melhor pra mim, e ambas as definições estão certas.

No segundo caso, não há o menor indício de culpa. Porque a culpa, minha querida, SÓ existe quando o indivíduo tem a capacidade de discernir que poderia ter feito o melhor e por algum motivo (proposital ou não) não o fez.

Então, há crítica-que-quer-te-culpar-e-que-às-vezes-até-consegue-mas-por-um-curto-período e a culpa-real-que-vem-de-dentro-pra-fora-normalmente-quando-já-é-tarde-demais.

Meu filho mama no peito e mamar no peito, supre todas as suas necessidades. Mas como vocês já sabem, o nosso período de adaptação não foi fácil (e vem cá, existe algum período de adaptação da amamentação que seja tipo mamão-com-açúcar?), eu tive que insistir, persistir e a banir a palavra desistir. Porque senão, eu teria desistido.
Mas eu não desisti porque eu acreditei que podia nutri-lo dessa forma. Não desisti porque não tinha mamadeira na minha casa, nem NAN, nem nada.
Não desisti por N motivos, mas olha, tive N, O, P, Q, R, S, T... motivos pra desistir.
Mas SE não tivesse dado certo após todas as tentativas, eu não iria me sentir culpada. Pois eu saberia que o melhor que estava ao meu alcance, foi feito. E que não seria uma mamadeira ou uma lata de NAN que tiraria de mim, o título de mãe por opção.
O mesmo pode ser dito para a cama compartilhada, para o afeto e o carinho all the time e para os outros trocentos pontos maternais-conscientes julgados difíceis.

O enfim, é:
Não culpe os outros, pela culpa que VOCÊ sente. 
Amamentar (só dando um exemplo, ok?) não é privilégio da minoria.
Porque se informar também não é questão de privilégio, é questão de necessidade, de sair da zona de conforto, de se curar da cegueira que aliena. O comodismo é um mal parasitário.

Pra constar: O texto acima baseia-se numa opinião pessoal.