terça-feira, 20 de março de 2012

Amamentar é necessário, SIM!

Eu quase que jurei pra mim mesma que não iria entrar nesse assunto, que pra mim não passa de uma imbecilidade sem tamanho, mas no fim das contas, não pude deixar de me manifestar diante de tanta hipocrisia e ignorância de uma sociedade que se julga civilizada.

O Pedro mama demais, desde que nasceu. Há 2 meses e 3 semanas, eu me lembro exatamente que ele mamou a noite toda, logo que nasceu.
No começo doeu, machucou, sangrou e eu chorei. Chorei porque queria alimentar meu filho e porque não queria sucumbir à fórmula (leite artificial).
Essa fase turbulenta demorou 2 meses pra passar, mas passou... Mesmo com os seios machucados, doloridos e rachados, eu amamentava sorrindo, porque me sentia orgulhosa, útil e plenamente mãe.

Ficava preocupada com o fato de ter que amamentá-lo em público, por causa da MINHA vergonha, e também por causa dos olhares de reprovação que até hoje percebo.

Fuçando pela internet, me deparei com uma reportagem de uma famosa revista (que sequer convém citar o nome), com a seguinte manchete: "Amamentar em público e onde se quiser. Tem que poder. Mas precisa?"
Nesse texto que não há palavras pra classificar, a autora insinua que não há necessidade em expôr o seio e amamentar o filho.
Certamente, ela não faz ideia de que um bebê sente muita fome e muita sede. Principalmente quando se é recém nascido. O Pedro mesmo com 2 meses e 3 semanas, mama mais de 20 vezes ao dia... E às vezes, por horas seguidas!

O que mais me incomoda nessa coisa de constranger amamentando é que as pessoas que se sentem constrangidas por verem um bebê se alimentando de leite materno, são as mesmas pessoas que acham lindos os silicones expostos na TV no carnaval (ou em revista, ou em qualquer outra época do ano).

Sei que existe muita gente louca que consegue olhar com olhos sexuais pra um seio cheio de leite, mas o que eu posso fazer? Existe gente louca que consegue olhar com os mesmos olhos pra uma menina de 3, 4 anos...
E eu acho que o problema não está no meu seio cheio de leite, nem nas crianças de 3, 4 anos... E sim no sujeito! Ele tem probleminhas, né?

Amamentar não é só alimentar. O bebê sente segurança, aconchego...
E eu acho que eu posso, né? Seja na minha casa, na casa de fulano, na rua, no restaurante, no shopping, na praça, no ônibus...

Chega dessa coisa de que o bebê precisa ser independente, porque senão ele nunca vai me "largar".
Eu não quero que o Pedro me largue mesmo... E vou amamentar até quando for possível pra mim e pra ele!

Eu realmente me sinto especial por ter leite jorrando das mamas... E convenhamos que leite materno, nenhuma fórmula em mamadeira substitui.
Leite materno é prático, é fácil, já tá pronto, não precisa esquentar, não entorta os dentes, não precisa esterilizar, não estraga e é grátis! Tem coisa melhor?

Além disso, amamentar é enfrentar vários obstáculos...
Muitos deles impostos por essa sociedade que de civilizada, nada tem! Pois até as índias dos confins do mundo amamentam com o maior orgulho!
Que se dane o "peito caído", as dores passam, as rachaduras cicatrizam, todas as mulheres aguentam, porque até hoje não vi nenhuma morrer porque estava amamentando.
E não existe leite fraco. Fraca mesmo, é a vontade de pesquisar, de se levantar, de questionar, de desacreditar de tudo o que falam!

Meu filho precisa se alimentar e eu preciso amamentar. SIMPLES!

Pra encerrar esse protesto, deixo aqui, uma foto do Pedro no momento mais singular e um comentário (postado no site da revista em questão) de Ligia Sena:



"Olá (nome da autora da matéria publicada na revista em questão). Foi com espanto que li a sua pergunta-debate sobre quando é "ok" amamentar e quando é "demais". Se nós estivéssemos falando sobre usar saias que permitem ver a calcinha, sobre blusas que permitem ver o bico dos seios, sobre revistas Playboys e afins penduradas em bancas, sobre mulheres pagando peitinho na tv, sobre mulheres nuas no carnaval, sobre essas coisas que são supérfluas e totalmente desnecessárias (ainda que ocorram com cada vez mais frequência e com o aval das pessoas), sua pergunta faria sentido. Mas não estamos falando de hábitos ou comportamentos supérfluos, estamos falando de algo que é insubstituível e que nenhum leite artificial ou mamadeira é capaz de repor: amamentação. Que vai muito, mas muito mais além de, como é mesmo que você se refere a ela, "um peito pulando pra fora da roupa". Amamentar um filho é alimentá-lo não só de leite materno, é oferecer a ele entrega, disponibilidade, afeto, contato e segurança. Os peitos de quem amamenta não pulam pra fora da roupa, eles não têm vida própria. Eles são expostos pela mãe para que o filho se alimente. Fome, sede, acontece em todo lugar. É compreensível, portanto, que em todo lugar uma mulher possa amamentar sem ter que se preocupar com a mentalidade curta e doentia das pessoas, que podem olhar para ela como aberrante ou como objeto sexual. Muitas organizações de saúde no mundo estão trabalhando arduamente para que toas as mulheres, homens e famílias se conscientizem de que, sim, é necessário, importante e fundamental amamentar. Amamentar, Letícia, nunca será demais, pelo contrário. O que anda acontecendo é de menos: mulheres que andam se sentindo desconfortáveis porque pessoas se acham no direito de lançar esse tipo de discussão sem embasamento, sobre quando é "ok" e quando é "demais". A Organização Mundial de Saúde, a UNICEF, o Ministério da Saúde, as Secretarias Estaduais da Saúde já responderam e respondem todos os dias a sua pergunta: NUNCA é demais amamentar. Quem se sente incomodado pela prática deveria se questionar sobre os motivos do seu incômodo, talvez com a ajuda de um analista. Isso simboliza uma série de más resoluções psíquicas." 



2 Opiniões:

Cisen disse...

O que me deixa indignada é que muitas vezes, a pessoa que está incomodada com uma mãe alimentando seu filho já foi amamentada quando bebê e por isso pode se julgar um ser humano "saudável". Amamento o Rafael em público sempre que necessário e apenas coloco uma fraldinha de pano em cima do seio para me sentir mais confortável. Já recebi olhares, mas se eram discriminatórios ou sexuais não consegui identificar, ou não me importei muito. Amamentar é um ato natural e a cada dia mais a sociedade (incluindo a maternidade) se torna artificial, seja pelo número crescente de cesáreas desnecessárias ou o aleitamento artificial desnecessário (porque muitas vezes a mãe "não aguentou amamentar"). Enfim, para mim, quem se sente incomodado com uma mãe amamentando um filho só pode ter problemas sexuais.

Tchelo disse...

Disse tudo! Lindo e essencial a dedicação de uma mãe com seu filho. Parabéns, pelo filho e pelo belo texto!

Tchelo

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