quarta-feira, 23 de maio de 2012

Criação com apego: Mais amor, menos preconceito - Postagem coletiva.

Dia de postagem coletiva, convite do blog Cientista que virou mãe.

_

Gestação:
Eu engravidei sem um planejamento. O choque durou por algumas semanas, mas depois o desejo de ser mãe por completo me dominou. Meu filho não tinha sido planejado, mas era muito esperado e desejado.
Curti a minha gravidez abençoada, que aconteceu sem nenhum tipo de complicação. Claro que eu tive sintomas não tão agradáveis, que os hormônios me fizeram virar uma onça, mas eu adorava a minha barriga, adorava os movimentos do Pedro e ficava ansiosa a cada nova consulta, pois não havia satisfação e amor maior ao ouvir os batimentos cardíacos do melhor presente que ganhei (e me dei) na vida.

Pré-parto:
Me preparei como pude, soube identificar quando as contrações começaram. Segui para o hospital, recebi um tratamento digno.
Voltei pra casa, relaxei, tomei banho, recebi massagens, descansei, me alimentei e tomei água.
Quando as contrações ficaram mais ritmadas, segui para o hospital no qual meu GO tinha plantão e fui mal atendida. Fiquei internada sozinha, numa sala fria e cheia de equipamentos de hospital, de onde eu podia ouvir os gritos e xingamentos que as parturientes recebiam das enfermeiras.
Quando meu GO chegou, pedi alta. Ele me liberou e eu jurei que ali, meu filho não nasceria.
Voltei pra casa feliz. Aguentei firmemente as contrações que vinham com espaço entre 10 e 7 minutos. Passei uma noite toda com dor e pela manhã elas se intensificaram. Peguei um papel para anotá-las e decidi que quando elas ficassem com espaço entre 5 e 5 minutos, pediria pra ir ao hospital.
7 horas depois isso aconteceu. Segui pro hospital com pouco mais de 4cm de dilatação. Fui internada na companhia da minha avó. Tive liberdade pra arrancar a roupa, pra tomar banho, beber água e sentar na bola. Fiquei deitada, sentada, andando. Com 6.5cm de dilatação eu já sentia os puxos. Sem espaço suficiente para a passagem do Pedro, fui submetida à uma cesárea de urgência pós-cardiotoco. 

Parto:
Planejei um parto normal, pois a minha condição financeira não me permitia planejar um parto natural humanizado. 
A falta de informação e de uma doula, me levaram à uma cesárea de urgência. No começo eu relutei e me senti culpada, mas no fim das contas eu fui muito bem tratada e acolhida pela equipe médica.
Não fui humilhada, não fui xingada, não fui desrespeitada em momento algum. Todos me explicaram quais procedimentos seriam realizados e o que eu iria sentir. 


Pós-parto:
Logo após o nascimento do Pedro, a neonatologista veio me explicar de forma clara e objetiva, sobre a cabeça bossa dele. 
E assim que eu fui suturada, o Pedro foi posto para mamar. E assim permaneceu, nu e sujo, colado ao meu corpo pelas 12 horas seguintes.
Ainda na maternidade, sem saber da existência do Attachment Parenting, eu (já) estava praticando a livre demanda e a cama compartilhada.
Pedro abandonou o bercinho de plástico que ficava o tempo todo ao lado da minha maca (a maternidade disponibilizava de alojamento conjunto, banindo o uso de berçário) e veio dormir comigo, nas duas noites em que ficamos no hospital.
Na primeira, ele ainda estava pelado e sujo de vérnix. E eu achei aquilo maravilhoso. Nossos laços com certeza começaram a ser estreitados ali, enquanto ele mamava pelado junto ao calor do meu corpo.

Adaptação em casa:
Quando chegamos em casa, eu já estava mais informada.
Informações estas que me foram concedidas ainda no hospital. Aleitamento materno e o não uso de chupetas foram os pontos mais altos das explicações e orientações das enfermeiras.
Nos dois primeiros meses, eu quase não dormi. Fiquei de plantão velando o sono do Pedro. Por medo de alguma coisa acontecer.
Quando eu me senti mais segura, comecei a dormir de forma picada. Duas em duas horas (isso quando ele não queria mamar antes). Eu acordava e olhava pra ele, e me certificava de que ele estava respirando normalmente. Dormimos juntinhos até hoje, mesmo quando o papai tá aqui. O que antes era uma cama de solteiro com cama auxiliar (gaveta) embaixo, virou uma cama de casal, pra manter sempre a família unida. E vamos continuar assim até quando o Pedro se sentir seguro pra dormir no berço ou em sua própria cama.
A amamentação também continua em livre demanda, já que ela ainda é exclusiva. O Pedro mama quando quer, onde quer e o quanto quer. - Sem paninho.
E vai mamar até quando quiser. Os benefícios do LM são inúmeros, mas o vínculo estabelecido e o laço estreitado nenhuma mamadeira de NAN paga. Pra mim, amamentar é especial, mas pro Pedro, vai muito além disso.

Chupeta:
Dei chupeta pro Pedro quando ele tinha uns 15 dias de vida. Porque obviamente a chupeta o acalmava por algum tempo (um curto período de tempo). Não me arrependo, confesso... Mas eu dei querendo que ele não aceitasse e como ele aceitou, estabeleci a meta de 6 meses para tirá-la dele. Pra que ele não entendesse o vício e não sofresse com a interrupção do uso.
Um mês e pouco depois, o Pedro abandonou sozinho, o uso da chupeta. Soltei fogos.

Nana-nenê:
Já apliquei o nana-nenê (deixá-lo chorando sozinho) com o Pedro. E me arrependo.
O procedimento não serviu pra nada, ele chorou até soluçar. E ali, eu percebi que aquilo era errado. Que o que ele queria era somente colo, segurança e carinho.
A partir daquele momento (que foi único) eu decidi que não mais usaria de crendices esdrúxulas na criação do meu filho. Que se ele tivesse que ficar "mal acostumado" como muitos diziam, ele ficaria. Mas que não mais choraria até soluçar na minha presença, porque isso o assustaria, o traumatizaria e me diminuiria na condição de mãe, já que protegê-lo nada mais era (e é) do que a minha obrigação e desígnio.


Banho de balde:
Antes do Pedro nascer, eu já tinha o balde. Quando ele chegou em casa, tentei colocá-lo, mas ele não gostou. 
Pra não agredí-lo com o uso da banheira, minha mãe dava banho nele numa pequena bacia. O conforto e a segurança que ele sentia, foram fundamentais para o não-choro durante os banhos.
Depois de 20 dias, o Pedro começou a tomar banho de banheira, e desde então, nunca chorou na hora do banho. Na verdade, essa é a parte do dia que ele mais gosta - e faz bagunça.
Tentei o balde mais uma vez, quando ele tava com 2 meses e meio. A tentativa de novo foi frustrada e eu decidi não colocá-lo novamente. Pelo menos por enquanto.

Introdução dos sólidos:
Daqui praticamente um mês, a alimentação sólida estará sendo introduzida na dieta do Pedro. E eu já decidi que não o entupirei de comida industrializada, que o máximo que eu puder fazer de comidinhas orgânicas e caseiras, eu farei. Que suco de caixinha, papinha industrializada e Danoninho, ficarão pra daqui um (bom) tempo. Não pretendo fazer o Baby-Led Weaning (abandonar as colheres e papinhas e deixar o Pedro se alimentar de forma livre), porque ao meu ver, por enquanto não é uma forma viável de alimentá-lo.
Mas se um dia for, e se ele se sentir à vontade, feliz e respeitado, eu farei, sem maiores problemas.

Sling:
 O Pedro tem um. Comprei quando ele tinha 2 meses, que era a idade indicada pro uso. Antes d'ele nascer, tentei confeccionar um, mas não consegui achar os materiais necessários (argolas).
Pra minha tristeza, o Pedro não curtiu. Não sei se é porque ele é muito gordinho e eu muito pequena, que as coisas ficam demasiadamente apertadas dentro do sling, e o Pedro acabou não gostando. Acho que o que ele curte mesmo é colinho, com as perninhas livres para serem esfregadas, resultando em meias arrancadas.


Carinho constante:
Tô sempre conversando com o Pedro, fazendo carinho, cantando e lendo pra ele.
Acredito muito no afeto, no afago, no acalanto. Acredito também que a mudança repentina (do ventre pro mundão) seja um tanto quanto radical, então quanto mais seguro, amado, esperando e respeitado ele for, melhor serão os resultados na idade adulta.


Colo e choro:
 Antes do Pedro chorar, eu já o aconchego no meu colo. 
Sou muito criticada por isso, mas não acredito que deixando-o chorar, ele desenvolverá independência. Acreditando que chorando sozinho, ele desenvolverá traumas. Acalmá-lo e compreendê-lo pra mim, ainda é o melhor caminho rumo ao adulto saudável e equilibrado.


Saúde no geral: 
Pedro com 4 meses, 3 semanas e 4 dias, pesa 8.4kg e mede 65,5cm. Peso e altura estimados de um bebê do sexo masculino com 8 e 7 meses, respectivamente.
Isso somente com o leite materno.


Attachment Parenting:
Conheci há pouco tempo atrás, e me identifiquei muito com o conceito, até porque eu já maternava assim antes mesmo de saber da existência. Pra quem ainda não conhece, se trata da criação com apego.
De forma carinhosa, respeitosa e compreensiva. 
Pretendo continuar maternando assim. Não sou tão radical a ponto de abdicar meu filho das vacinas. E tirar dele o carrinho que ele tanto gosta.
Acredito que nem todo um pacote se aplica e se encaixa à todas as crianças. O Pedro não gosta do berço, mas gosta do carrinho, gosta da cama, mas não gosta do sling.
Mas outra criança pode ter gostos diferentes. Portanto, não vou excluir itens que são do gosto do Pedro por causa de um conceito. Porque pra mim, isso é xiita demais. 
No mais, pretendo criar o Pedro de forma respeitosa. Conversando, explicando e compreendendo sempre. Porque maternidade consciente é isso. Compreensão.
Compreender que o bebê precisa de carinho, atenção e segurança. Compreender que um bebê de 1 mês não faz birra, e nada do que ele possa vir a fazer, é manipulação e sim, necessidade.
Bebês são muito dependentes, necessitam agarrar-se em seus cuidadores, especialmente na matriz, a nutriz, a mãe, aquela que biologicamente nasceu preparada para salvá-los na luta pela sobrevivência  via aleitamento. Os seres humanos podem levar mais de um ano até conseguir andar sozinhos, necessitam de colo, ser carregados, que cantem e brinquem com eles e costumam apreciar um aconchego para dormir. *










*Trecho retirado daqui.