quarta-feira, 16 de maio de 2012

De uma das missões mais importantes.

Amamentar.

Quando eu ainda estava grávida, pensava que não ia gostar de amamentar.
Quando o Pedro nasceu, a cuspida caiu na testa. Eu simplesmente amei alimentar meu filho que tinha menos de 30 minutos de vida.

Quando fui levada ao quarto, por volta das 22 horas, o Pedro já mamava. E assim passamos a noite... Juntinhos!
Pedro pelado, dormindo no meu braço e mamando.

No outro dia, estávamos exaustos e dormimos praticamente o dia inteiro. Parecia que eu estava prevendo o que iria acontecer naquela segunda noite no hospital...

Apesar d'eu ter revigorado com o sono da tarde, eu ainda estava muito debilitada e cheia de limitações por conta da cesárea.
Mas esses motivos logo foram deixados de lado, quando o Pedro engatou num choro alto e sentido...
Tentei de tudo, passeei no hospital, cantei, balancei, aconcheguei, embrulhei, pus no bercinho, deitei com ele. E nada resolvia. O que ele queria era o peito. E mais nada!
Não sei se ele estava sentindo cólicas, se tinha alguma outra dor, se sentia frio, medo ou se estava apenas carregando o fardo da minha insegurança e dos meus medos. Só sei que ele passou a noite inteira (das 22 às 8 da manhã) no meu peito.

Quando ele finalmente soltou, eu sucumbi à uma chupeta que havia ganhado e levado escondido para o hospital.
No início ele não quis aceitá-la, mas depois pegou. Só que a pega durou pouco, pois uma enfermeira apareceu e repudiou o ato.
E o Pedro voltou a chorar. Meus bicos já estavam rachadíssimos, eu já estava sentindo uma mistura avassaladora de dores e naquele momento, só queria receber alta e vir pra casa. Onde eu teria o auxilio da minha mãe.

Nós recebemos alta em torno das 9 da manhã, às 11 eu já estava em casa. Com o Pedro nos braços, chorando.
Eu queria muito amamentá-lo, mas não conseguia. Meus bicos doíam, ele chorava e nada amenizava as dores da cirurgia.

No desespero do momento, pedi pelo amor de Deus pra minha mãe ir comprar uma pomada de lanolina.
Ela foi e nesse meio tempo o Pedro mamou. Eu não entendia como ele podia sentir fome, sendo que tinha mamado a noite toda.
Minha mãe voltou com a pomada e pediu à minha tia, uma bomba extratora manual e pediu ao meu pai, que comprasse uma chuquinha, pois se eu não conseguisse mesmo amamentar, daria um jeito de ordenhar.

A pomada foi usada sem sucesso por umas duas ou três vezes. E logo foi esquecida.
Primeiro porque eu tinha que passar a bendita toda hora, e segundo porque antes de amamentar eu tinha que tirá-la, e na condição em que eu me encontrava, quaisquer 3 passos me cansaria demais. Levando em conta que o Pedro mamava mais de 30 vezes. E a bomba extratora sequer foi usada. Porque eu não consegui realizar com maestria a ordenha. Nesse momento, entrou a chupeta. Hora ou outra, o Pedro a aceitava e isso distraía um pouco ele (bem pouco).

Mesmo em desespero, sentindo muitas dores e me decepcionando com os métodos de ajuda, eu continuei amamentando. E amamentando em livre demanda. Pedro resmungava, era peito.
Eu acordava de 2 em 2 horas, e às vezes, de 1 em 1 hora pra amamentar.
Eu sentia um sono descontrolado - e por vezes quase dormi em cima do Pedro. Eu sentia uma sede anormal, e uma fome mais anormal ainda.
E eu amamentava de 20 à 30 vezes em noites em que o Pedro não sentia cólicas.

Nos 2 primeiros meses, as noites regadas à cólicas rendiam mamadas ininterruptas. Ele ficava mamando 8, 10, 12 horas seguidas.
E se fosse tirado do peito, chorava descontroladamente.

Pra me incentivar, estabeleci a meta dos 6 meses de amamentação exclusiva. Pra mim, 6 meses sempre pareceu muito, mas eu sempre me desapegava dos contras e focava nos prós.

Antes de completar 2 meses, em meados de fevereiro, Pedro largou, por vontade própria, a chupeta.
E eu fiquei feliz, visto que eu fui adepta à ea até os 7 anos e isso em nada me ajudou, pelo contrário, me prejudicou.

Nesse mesmo mês, ele percebeu que mamar mais quando as cólicas apertavam, não resolvia nada, então com dor, ele passou a rejeitar o peito e chorar.
Passou também a acordar de uma à somente 3 vezes por noite, pra mamar.

Eu AINDA sentia dores, mas AINDA seguia firme e forte na livre demanda e na amamentação exclusiva.
E antes dos 3 meses, a constância das mamadas diminuiu e as minhas rachaduras começaram a melhorar.
Com isso, o prazer da amamentação começou a aparecer.
O que antes me machucava, se tornou uma parte ótima (fisicamente falando) da maternidade.

Os dias foram passando, a chupeta não fazendo falta, as mamadas mais aconchegantes e reciprocamente prazerosas, a livre demanda e a quantidade de leite estáveis, até que chegamos aqui, 4 meses e meio de vida, só mamando no peito.

Sei que isso não é nenhum mérito, mas eu fico extremamente orgulhosa e feliz por ter conseguido amamentá-lo e principalmente satisfazê-lo apenas com o meu leite.
Sem falar no peso que ele tem ganhado todos os meses desde que nasceu.
Em meio à tantas dificuldades, os benefícios e a minha força (e vontade de amamentá-lo) falaram mais alto.
Falaram mais alto que as dores e desconfortos, falaram mais alto que o desmame precoce causado pelo peso da sociedade, falaram mais alto que as vozes que gritavam em prol da chupeta, das mamadeiras e da fórmula. Falaram mais alto que meu sono, meu cansaço, minha fome, minha "independência" e sede.
Fico muito feliz e agradeço todas as noites antes de dormir, por ter conseguido alimentá-lo por mais um dia.
Sendo este um dia subtraído da minha meta inicial. Estamos caminhando de forma subjetiva aos 6 meses, já com saudade da amamentação exclusiva.